ENCICLOPÉDIA DO SEXO não foi feito pensando em ser humorístico, nem sério, na verdade nem foi pensado, aconteceu. O engraçado ou esquisito, é resultado natural da espontaneidade e experimentalismo com que foi gravado. No ano 2001 Otávio Santos adquiriu seu primeiro estúdio virtual, começando a gravar de forma caseira, como já faziam muitos músicos então. Não tendo intimidade com a tecnologia, o artista se dedicou durante semanas ao trabalho de pesquisa intuitiva para decifrar o sistema. Cada ruído, texto lido, narração de histórias cotidianas e afins, presentes nas visitas dos amigos, conversas casuais, eram incorporados ao material gravado para servir de pesquisa. O compositor não queria começar a gravar suas composições sem antes dominar o equipamento e fez, sem querer, do aprendizado um método de composição, que resultou num trabalho coeso apesar de multifacetado, onde a novidade da descoberta na possibilidade tecnológica se entrelaça com a surpresa da descoberta na composição. A necessidade de estabelecer perspectivas fixas foi substituída pela leveza de um experimentalismo despretensioso, resultando num compêndio que passa por elucubrações sobre o funcionamento do clitóris, intoxicações alimentares, personagens corriqueiros e dramas comuns, com aquele conhecimento científico bem embasado e sem preconceitos que só uma enciclopédia sexual escrita em 1940 poderia nos proporcionar.