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Brian Gordon

Format : CD

In the 80’s I lived the dream of those days full of hope for the world, dancing American and English pop, rock, punk at parties where we also discovered sex and drugs, following the prescription that Doctor Uncle Sam passed us. The addition by what the blue eyes called “the sound of the idiots’ marching on the earth,” took me irreversibly. I do not know if for those who speak the English language as a native, it is as easy to write English lyrics how for any third world caboclo as I am. Hard to write rock in Portuguese. Fito said; “Tango is an idea that touches me, even if I do not want to.” He, like most composers in the Western world, was swallowed up and vomited by this uncontested art with pleasure. I embrace with love this cruel paradox, Brian Gordon saves me from suffering from Marxist guilt, when the words for the notes which affect me are shown only in the language of that inspired lord of Stratford-upon-Avon, or what remains; the agonizing rags of the words interpreted without depth by Indians dazzled under the sound of a jet turbine. Under the pressure of a song from Queen, we are victimized by the seduction of the owners of the planet. When I saw Chico Buarque say that the most beautiful melody he knew was “Every time we say goodbye” by Porter, the Tinhorão inside me sighed in relief.

Nos anos 80 eu vivi o sonho daqueles dias cheios de esperança para o mundo, dançando o pop e o rock de língua inglesa nas festas onde descobríamos também o sexo e as drogas, seguindo a receita que o doutor Tio Sam nos passou. A adição pelo que o velho Blue Eyes chamou de ” o som da marcha dos idiotas sobre a terra”, me tomou irreversivelmente. Não sei se para quem fala a língua inglesa como nativo, é tão fácil escrever letra em inglês como é para qualquer caboclo do terceiro mundo como eu.  Difícil é escrever rock em português.  Disse Fito; “O tango é uma ideia que me toca, ainda que eu não queira”. Ele, assim como a maioria dos compositores do mundo ocidental foi engolido e vomitado pelo rock, essa arte incontestável, ao ponto de ficar constrangido pela emoção causada pela música de sua terra? Ironia ou culpa?. O Samba e a milonga são ideias que sempre me tocaram e “quase sem querer”   faço com que se toquem, o rock é um ruído que não silencia por trás da minha tentativa frustrada de ser um herói da revolução. O mais furioso e apaixonante Led Zeppelin sempre me traz um aroma de rica casa grande, diferente do cheiro de madeira velha da senzala aonde foi comprada a maconha de um latino ilegal (consumida em ambas). Nada como estar abraçado numa argentina, escutando “All of my love”, num barraco chique de praia em Santa Catarina.  Um momento tão “rock” fica muito longe da pobreza das plantações de algodão aonde a alma da coisa nasceu. Os tempos de “vidaloka” se foram, as argentinas de verões dos anos 80 e 90 estão matronas, mas o paradoxo cruel ficou. Brian Gordon me salva de sofrer a culpa marxista, quando as palavras para as combinações de notas que me afetam, se mostram possíveis apenas na língua daquele inspirado senhor de Stratford-upon-Avon, ou no que restou dela; os trapos agonizantes das palavras interpretadas pela sonoridade pura, sem profundidade, por índios deslumbrados com o som das turbinas de um jato. Sob a pressão de uma música do Queen, somos a vítima encantada e enlatada pela sedução dos donos do planeta. Um dia fomos o futuro da nação, mas hoje o médico nos diz para evitar o refrigerante. Quando vi Chico Buarque dizer que a melodia mais bonita que ele conhecia era a de “Every time we say goodbye ” do Cole Porter, o Tinhorão dentro de mim suspirou aliviado; não era rock, mas também não era Ari Barroso . Brian Gordon é um vendido que não compraram, Brian é a prostituta que gosta da profissão, Brian é um americano drogado em Copacabana sendo extorquido por um travesti, Brian é um Chileno com falso passaporte americano e um sotaque péssimo, Brian é o sonho juvenil de ter uma banda tão foda quanto o Sabbath e ser tão forte para viver a loucura plena quanto só um Ozzy pôde ser. Brian é o Walter Mercato cantando um  pot pourri de Duran Duran e New Order acompanhado por Elton John e Liberacce nos teclados Cassiotone mais baratos, é tão brega que transcendeu a estética e o bom gosto. Brian não está nem aí para opinião dos outros pois é bonito, jovem, rico e alienado. Sonha em ser tão foda quanto foi o Prince, pegando tanta mulher na vida real quanto o David Lee Roth fingia pegar nos clipes. Brian não parou de envelhecer porque morreu jovem; parou de envelhecer pois virou um vampiro com a carinha do Brad Pitty quando conheceu a Jeniffer Aniston. Brian é idiota o suficiente para se envolver com atriz pornô, ler fofocas sobre os famosos e acreditar que é tudo verdade.  Faz tempo que Brian não aparece por aqui. Se aparecer, que seja para me trazer uma canção e vazar rapidinho, não tenho mais saco para tanta patifaria, imaturidade e superficialidade. Não sei se foi ele ou eu quem escreveu esse texto. Se foi ele;  significa que o cara conhece mais a minha língua do que eu a dele. Por certo sabe mais de mim que eu mesmo.